Adquira o seu Coach

Como manter e melhorar a saúde dos pés e tornozelos

squatting-foot-and-ankle-health.jpg

Os pés e tornozelos têm muitos ossos, articulações, ligamentos, tendões e músculos. Isso inclui músculos grandes, como os da panturrilha (gastrocnêmio e sóleo) e o tibial anterior. Existem também músculos menores no pé que ajudam a estabilizar o arco plantar e a dar suporte ao movimento.

Juntos, eles sustentam quase todas as suas ações: caminhar, correr, pular ou simplesmente ficar em pé. No entanto, sem exercícios regulares e direcionados, essas estruturas podem enfraquecer com o tempo, causando uma biomecânica deficiente, dor, instabilidade e lesões no longo prazo.

Felizmente, a ciência mostra que, com a combinação certa de treinos de força e mobilidade aliados à hábitos de vida inteligentes, você pode ter pés e tornozelos fortes que sustentarão um estilo de vida ativo por muitos anos. Pés fortes também têm um papel fundamental na prevenção de lesões.

Exercício

Manter pés e tornozelos fortes e funcionais começa com exercícios direcionados. Exercícios simples de fortalecimento do tornozelo podem fazer uma grande diferença. Veja como os exercícios promovem a saúde dos pés e tornozelos: 

1. Fortalecem os músculos estabilizadores

O treino de resistência direcionado pode melhorar consideravelmente a estabilidade dos pés e tornozelos. Músculos como panturrilhas, tibial anterior, músculos intrínsecos do pé e até mesmo os glúteos auxiliam na sustentação dos membros inferiores.

O treino de força regular, usando o peso do corpo, pesos livres ou outros tipos de resistência, pode:

  • Melhorar o suporte do arco plantar e a estabilidade dos pés e tornozelos
  • Contribuir para a prevenção da fascite plantar e para a saúde do tendão de Aquiles
  • Reduzir o risco de torções e quedas, especialmente conforme envelhecemos
  • Aumentar a potência e a eficiência durante atividades atléticas, como corrida ou salto

O fortalecimento desses grupos musculares também ajuda a aliviar o estresse de estruturas passivas, como ligamentos e articulações, e promove o fortalecimento gradual dos tendões, tornando todo o conjunto pé-tornozelo mais resistente. Experimente incorporar ao treino:

  • Elevação de panturrilha (perna estendida e joelho flexionado) para fortalecer tanto o gastrocnêmio quanto o sóleo.
  • Trabalho do tibial anterior, como elevação dos dedos dos pés ou dorsiflexão resistida, para prevenir dor na canela e melhorar o controle do pé.
  • Exercícios de fortalecimento dos pés, como enrolar uma toalha com os dedos, abrir os dedos dos pés e usar elásticos de resistência para trabalhar os dedos e o arco plantar.
  • Fortalecimento dos glúteos, como clamshell (rotação externa de quadril) ou elevação de quadril, melhora o alinhamento geral dos membros inferiores.
  • Use a amplitude total de movimento nos exercícios para promover mobilidade e força em toda a capacidade de movimento da articulação.
  • Incorpore exercícios unilaterais (como Romanian Deadlifts em uma única perna ou Box Step Ups) para desafiar o seu equilíbrio e aumentar a propriocepção, a capacidade do corpo de perceber sua posição no espaço.

Essas estratégias não apenas desenvolvem força muscular, mas também condicionam o sistema neuromuscular para melhor estabilidade articular.

calf-raises-ankle-strengthening-exercise.jpg

2. Melhoram o equilíbrio e a propriocepção

Propriocepção é a capacidade de sentir a posição e o movimento do corpo no espaço. O tornozelo e o pé são ricos em mecanorreceptores que enviam feedback ao cérebro, ajudando você a manter o equilíbrio durante movimentos complexos ou em superfícies irregulares. 

Exercícios, especialmente treinos em uma única perna e de equilíbrio, estimulam esses receptores e treinam seu sistema nervoso para responder rapidamente a mudanças de posição.

Isso é especialmente importante se você já teve uma entorse no tornozelo. Estudos mostram que lesões podem prejudicar a propriocepção e aumentar o risco de futuras entorses.

Exercícios de equilíbrio direcionados, como pranchas de equilíbrio ou exercícios de estabilidade com os pés descalços, ajudam a restaurar essa função vital. Uma propriocepção aprimorada também ajuda a prevenir lesões e contribui para a estabilidade do pé e do tornozelo.

3. Promovem resiliência articular

A carga controlada e progressiva por meio de exercícios como Calf Raises, Squats e caminhada ou corrida fortalecem gradualmente os tecidos conjuntivos nos pés e tornozelos. Isso inclui:

  • Os tendões, que se adaptam tornando-se mais fortes e tolerantes a cargas mais pesadas
  • Os ligamentos ao redor da articulação do tornozelo, que ganham resistência à tração ao longo do tempo
  • Os ossos, incluindo o osso do tornozelo e os ossos metatarsais, que se remodelam em resposta ao estresse de sustentação de peso, melhorando sua densidade e estrutura

Esse processo, chamado adaptação mecânica, ajuda os pés e tornozelos a se tornarem mais resilientes aos estressores diários e reduz a probabilidade de fraturas por estresse ou dor crônica nas articulações.

4. Mantêm a amplitude de movimento e a mobilidade

A atividade física mantém as articulações em movimento em toda a sua amplitude natural, o que previne rigidez e padrões de movimento compensatórios. Por exemplo:

  • Tensão no tendão de Aquiles pode reduzir a dorsiflexão do tornozelo, afetando sua marcha e agachamento
  • Rigidez nas articulações dos dedos dos pés podem alterar a mecânica de impulsão, levando a uma caminhada ou corrida ineficiente

Movimentos dinâmicos, alongamentos e exercícios de força de amplitude total ajudam a manter os pés e tornozelos móveis e funcionais.

5. Promovem uma circulação saudável

A atividade física aumenta o fluxo sanguíneo para as extremidades inferiores, o que é especialmente importante para as pequenas articulações dos pés. Melhor circulação significa melhor fornecimento de oxigênio e nutrientes, remoção mais rápida de resíduos e cicatrização mais eficaz dos tecidos.

Isso é especialmente benéfico para indivíduos com condições que afetam o fluxo sanguíneo, como diabetes ou doença arterial periférica, uma vez que a má circulação pode atrasar a cicatrização e aumentar o risco de complicações nos pés.

Essas pequenas articulações suportam todo o peso do corpo e desempenham um papel fundamental no equilíbrio, na caminhada, na corrida e no salto. Fortalecer os músculos ao redor delas pode reduzir o risco de lesões e melhorar o desempenho.

lunges-foot-and-ankle-mobility.jpg

Como as articulações se adaptam ao estresse

As articulações e os tecidos respondem à carga mecânica por meio de um processo chamado mecanotransdução. A exposição ao estresse regular e controlado ajuda os tendões e ligamentos dos pés e tornozelos a:

  • Aumentar a produção de colágeno nos ligamentos e tendões.
  • Melhorar a densidade óssea, especialmente em regiões de sustentação de peso, como o calcanhar e os ossos metatarsianos.
  • Aumentar a lubrificação articular ao aumentar a produção do líquido sinovial.

Contudo, a adaptação não acontece do dia para a noite. Retornar à atividade física muito rapidamente, como correr logo após uma pausa, pode ultrapassar a capacidade de remodelação dos tecidos, causando dor ou lesões.

Aquecimento

Aquecimentos adequados preparam os músculos e tendões dos tornozelos e dos pés para a atividade física, reduzindo o risco de distensões ou entorses. Um bom aquecimento deve aumentar o fluxo sanguíneo e melhorar a elasticidade dos tecidos moles.

Experimente fazer esta sequência simples antes de treinar:

  • Ankle Circles: 10 repetições por pé em cada direção para lubrificar as articulações.
  • Calf Raises: 2 séries de 10 para ativar a cadeia posterior.
  • Light Hops ou Skips: 30 segundos para colocar uma carga suave no tendão de Aquiles e no arco do pé. Pouse suavemente na parte da frente da planta dos pés.

Esses movimentos aumentam a prontidão neuromuscular e ajudam a prevenir lesões por carga repentina, especialmente no tendão de Aquiles e na fáscia plantar.

ankle-circles-mobility-exercise.jpg

Mobilidade e flexibilidade

Tornozelos saudáveis precisam de mobilidade (movimento articular) e flexibilidade (comprimento muscular/tendão). Tecidos tensos podem levar a padrões de compensação que afetam a marcha, o equilíbrio e aumentam o risco de lesões.

Áreas principais:

  • Panturrilhas e tendão de Aquiles: a rigidez nessas áreas podem reduzir a dorsiflexão do tornozelo, afetando a profundidade do alongamento e a mecânica da passada. Acrescente exercícios de alongamento como Calf Streches ou elevação do calcanhar.
  • Fáscia plantar: essa faixa espessa sob o pé pode ficar rígida, especialmente em pessoas que passam muito tempo em pé ou caminhando. Use uma bola de golfe ou de tênis pequena ou um pequeno rolo para fazer uma automassagem na planta de cada pé por 1 ou 2 minutos.1

Inclua trabalho dinâmico de mobilidade antes do exercício e alongamento estático depois dele para ganhar de flexibilidade no longo prazo. O treino regular de mobilidade melhora o movimento funcional e pode reduzir problemas crônicos, como fascite plantar ou tendinopatia do tendão de Aquiles.2

Corra de forma responsável

A corrida é uma atividade de alto impacto que demanda adaptação progressiva. Um retorno repentino à corrida após uma pausa de mais de duas semanas pode sobrecarregar tecidos não condicionados.3

Veja o que fazer para reduzir o risco de lesão:

  • Comece devagar: alterne caminhada e corrida ao retornar de um período de descanso.
  • Siga a regra dos 10%: não aumente a quilometragem semanal em mais de 10%.
  • Inclua treino cruzado (como ciclismo ou natação) para manter o condicionamento sem causar tanto impacto nos pés.
  • Monitore o seu corpo: qualquer dor persistente, especialmente no calcanhar, canela ou arco plantar, pode ser o primeiro sinal de uma sobrecarga.

Prestar atenção à carga da corrida dá às suas articulações tempo para se adaptar e previne lesões comuns nos pés e tornozelos.

Estilo de vida

Além da atividade física, os hábitos diários são extremamente relevantes para a saúde dos pés e tornozelos. Seu estilo de vida pode favorecer ou prejudicar seus esforços de treino.

Veja o que pode ajudar:

1. Movimento regular

  • Permanecer longas horas sentado reduz a circulação e enrijece as articulações.
  • Caminhadas curtas, pausas frequentes para ficar em pé ou movimentos simples dos pés (como flexão dos dedos) ao longo do dia promovem a saúde das articulações e o fornecimento de nutrientes aos tecidos.

2. Calçados

  • Os calçados devem servir bem e oferecer espaço suficiente para o dedão do pé na parte da frente.
  • Caminhe ou treine descalço ou com calçados minimalistas (quando apropriado) para trabalhar os músculos intrínsecos do pé e melhorar a força muscular, o equilíbrio e a sensibilidade ao solo.
  • Alterne os tipos de calçados e comece devagar: uma transição muito rápida pode causar distensão na panturrilha ou no arco plantar.
  • Calçados com muito amortecimento podem reduzir a sensibilidade ao solo e o feedback proprioceptivo em algumas pessoas.
  • Evite usar salto alto, pois esse tipo de calçado transfere o peso para a frente e tensiona o arco plantar.

3. Controle do peso e alimentação

Carregar peso corporal extra aumenta o estresse na fáscia plantar, no tendão de Aquiles e nas articulações do tornozelo. Foi demonstrado que até mesmo uma perda de peso moderada melhora a função articular e reduz a dor nas áreas de sustentação de peso.

Priorize uma alimentação bem equilibrada e rica em nutrientes que contribuam para a saúde óssea e do tecido conjuntivo:

  • Cálcio e vitamina D para a saúde óssea.
  • Vitamina C e aminoácidos para auxiliar na produção de colágeno, ajudando na reparação dos tecidos e na resiliência dos tendões.
  • Ômega-3 para reduzir a inflamação e melhorar a recuperação.

Cuide da hidratação, pois o líquido sinovial que lubrifica as articulações depende da ingestão adequada de água. Fazer essas escolhas diárias pode fazer diferença na sensação e no funcionamento dos seus pés e tornozelos no longo prazo.

box-step-ups-foot-and-ankle-training.jpg

O que observar

A conscientização é fundamental. Identificar os primeiros sinais de desequilíbrio ou estresse pode prevenir problemas maiores no futuro. Preste atenção em:

Desequilíbrios musculares:

  • Fraqueza nos músculos dos pés ou glúteos.
  • Panturrilhas excessivamente tensas.

Tornozelo inclinado para dentro (pronação excessiva):

  • Pode indicar fraqueza ou perda de suporte do arco.
  • Pode contribuir para problemas no joelho ou quadril.

Lesões por sobrecarga:

  • Lesões comuns incluem fraturas por estresse, fascite plantar, tendinopatia do calcâneo ou rupturas do tendão do calcâneo.
  • Costumam ser sequência de erros no treino ou de recuperação inadequada.

Entorses anteriores de tornozelo:

  • Lesões antigas podem deixar uma instabilidade residual.
  • Inclua exercícios de equilíbrio e propriocepção para restaurar o controle articular.

A intervenção precoce (por meio de treino, mobilidade, auxílio de um fisioterapeuta ou outra avaliação profissional) pode prevenir dores crônicas ou lesões recorrentes.

Conclusões principais

  • Fortaleça a parte inferior das pernas com treino de resistência focado nas panturrilhas, músculos do pé, tibial anterior e glúteos.
  • Use toda a amplitude de movimento e inclua exercícios com uma única perna de apoio para aumentar a estabilidade e o equilíbrio.
  • As articulações se adaptam ao estresse ao longo do tempo, então aplique sobrecarga progressiva, mas não tenha pressa.
  • Aqueça o corpo antes de se exercitar com movimentos focados na mobilidade, como círculos de tornozelo e elevações de panturrilha.
  • Melhore a flexibilidade e reduza a tensão com alongamento e autoliberação miofascial, especialmente para as panturrilhas e fáscia plantar.
  • Corra progressivamente, especialmente após os intervalos, e faça treinos cruzados para reduzir a sobrecarga.
  • Escolha calçados adequados, movimente-se com frequência ao longo do dia e mantenha seu peso corporal saudável para dar suporte à função dos pés e tornozelos no longo prazo.
  • Preste atenção a sinais de desequilíbrio, sobrecarga ou instabilidade e trate-os precocemente.
Experimente o Freeletics agora

Fontes

[1] McKeon, P. O., & Hertel, J. (2008). Systematic review of postural control and lateral ankle instability, part I: Can deficits be detected with instrumented testing? Journal of Athletic Training, 43(3), 293–304. 

[2] Rathleff, M. S., Molgaard, C. M., Fredberg, U., & Kaalund, S. (2015). High-load strength training improves outcomes in patients with plantar fasciitis: A randomized controlled trial with 12-month follow-up. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, 25(3), e292–e300. 

[3] Hall, M. M., Chomistek, A. K., & King, R. F. (2016). Low back and lower extremity injuries in runners: A systematic review. Sports Health, 8(2), 157–163.